História Política do Brasil Republicano na Região Sudeste


História Política do Brasil Republicano na Região Sudeste

História Política do Brasil Republicano na Região Sudeste
São Paulo
Província sem muita importância durante o império, São Paulo foi catapultado pelo café e pela imigração para o caminho sem volta do desenvolvimento. Ao substituírem a mão de obra escrava, os estrangeiros, principalmente os vindos da Itália, trouxeram mais que o trabalho braçal. A cultura multifacetada e a mistura de etnias marcariam para sempre o estado mais importante do Brasil.

O poder econômico resultante do apogeu do café deu aos paulistas o direito de reivindicarem o poder político. Embora o último presidente nascido no estado tenha sido Rodrigues Alves, eleito em 1902, nenhum outro chefe de estado – com exceção de Juscelino Kubitschek – conseguiu chegar ao poder ser ter vencido nas urnas de São Paulo.

A política do café com leite foi caracterizada pelo revezamento no Palácio do Catete do Partido Republicano Mineiro (PRM) e do Partido Republicano Paulista (PRP). Mesmo com o fim do sistema, revogado pela Revolução de 1930, Getúlio Vargas só conseguiu governar em paz depois de apaziguar os ânimos dos paulistas com a indicação de um interventor nascido no estado, uma das exigências dos revoltosos de 32. O pernambucano João Alberto Lins de Barros, nomeado para governar São Paulo dois anos antes, era considerado “forasteiro” e “plebeu”.

Encerrado o Estado Novo, a onda populista em São Paulo fez com que Jânio Quadros e Adhemar de Barros se alternassem no poder durante a década de 50. Tanto o janismo quanto o adhemarismo não sobreviveram à morte física dos chefes.

Embora pouquíssimos presidentes brasileiros sejam paulistas de nascimento, muitos alcançaram notoriedade nacional a partir da carreira consolidada no Planalto de Piratininga. O estado mais rico do país é um mosaico formado por brasileiros originários de todas as regiões que migraram com a disposição de vencer.
Rio de Janeiro
Capital do Brasil de 1763 a 1960, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi sempre um conglomerado de políticos importantes e integrantes do alto escalão do funcionalismo público. As dificuldades de locomoção impostas pela escassez de meios de transporte, impediam que os deputados e senadores deixassem a capital nos fins de semana – como ocorre hoje.

Da junção do território fluminense com esse pulmão político do Brasil emergiram figuras como Pereira Passos, Nilo Peçanha ou Carlos Lacerda. O maior destaque no estado era Ernani do Amaral Peixoto. Casado com Alzira Vargas, filha caçula de Getúlio, o ex-ajudante de ordens do presidente comandou o Partido Social Democrático (PDS) até depois da morte do sogro.

A transferência da capital para Brasília, além de prejudicar substancialmente a economia e a auto-estima cariocas, reduziu consideravelmente a capacidade de mobilização e pressão popular. Antes de se isolarem na imensidão do Planalto Central, o Senado ficava no fim da Avenida Rio Branco e a Câmara dos Deputados funcionava na Cinelândia, literalmente rodeados pelo povo.

Transformada em cidade-estado com o nome de Guanabara, a a ex- capital federal viveria separada do território fluminense de 1960 a 1975. Seu primeiro governador foi Carlos Lacerda, um dos maiores tribunos da história. Em 1971, Chagas Freitas, o único político oposicionista que contava com as bênçãos do regime militar, assumiu o posto. Foi o primeiro governador do Rio a beijar a bandeira de uma escola de samba, escancarando a ligação entre o poder oficial e os bicheiros.

A restauração das eleições diretas para governador marcou também a chegada de Leonel Brizola ao comando do Estado. Depois de começar a campanha com 2% das intenções de voto, o caudilho gaúcho protagonizou uma das mais impressionantes reviravoltas ocorridas em campanhas eleitorais e manteria o controle político do Rio ao longo dos anos 80.

Minas Gerais
Discretos, prudentes e espertos, os mineiros praticamente dominaram a vida política brasileira durante o império e a República Velha, reafirmando o dogma segundo o qual não há poder político sem poder econômico. Das minas de Ouro Preto, Diamantina e Mariana foram retiradas as pedras preciosas que abasteceram o país – e principalmente a metrópole – durante séculos.

Em 1945, com o início da Nova República, a política brasileira foi balizada por dois partidos: a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD). Em nenhum outro Estado essa dicotomia foi tão perceptível quanto em Minas Gerais. E talvez em nenhum outro lugar do país tenha sido tão nítida quanto em Barbacena, a 170 quilômetros de Belo Horizonte. Berço dos Bias Forte (UDN) e dos Andrada (PSD) – o mais numeroso clã da política brasileira, com 17 integrantes – a cidade foi alternadamente administrada pelas duas famílias.

Se o gaúcho Getúlio Vargas, introspectivo e astucioso, foi o mais mineiro dos presidentes, Juscelino Kubitschek, sempre falante e extrovertido, pode ser considerado o mais gaúcho dos mineiros. Com o segundo mandato praticamente garantido no Palácio do Planalto nas eleições de 1965, JK teve a esperança estilhaçada com o golpe militar de março de 1964 e a cassação dos direitos políticos três meses depois.

Acusado de corrupção e de vínculos com os comunistas, JK saiu de cena por outros motivos. Um deles foi o ressentimento do presidente Castelo Branco. No encontro que formalizou o apoio do PSD ao general que comandou o golpe de 1964, JK, que tinha um encontro com Lucia Pedroso, sua amante, olhou mais de uma vez no relógio. Castelo considerou o gesto uma desfeita.

Enquanto vigorou o bipartidarismo, a Aliança Renovadora Nacional (Arena) abrigou, entre outros mineiros, Aureliano Chávez e Francelino Pereira – autor da frase “Que país é esse?”. Mas foi do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que Tancredo Neves, a grande estrela da época, articulou a redemocratização do país.

Espírito Santo
Por ser um enclave numa região ocupada pelos três estados que lideram o ranking da relevância política, o Espírito Santo nunca contou com parlamentares capazes de rivalizar com os representantes de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Se até no futebol os capixabas fazem as suas escolhas entre os clubes dos estados vizinhos, é compreensível que eventualmente acompanhem com maior interesse as campanhas eleitorais de âmbito nacional.

A figura de maior destaque na segunda metade do século foi o senador João Calmon, várias vezes reeleito, especialmente interessado em assuntos ligados à educação. Nenhum dos governadores nomeados durante o regime militar consolidaram uma forte liderança política.

A figura de maior destaque dos últimos anos foi o ex-governador e atual senador Gerson Camata. O ex-radialista conseguiu, com o prestígio político, eleger a mulher, Rita Camata, deputada federal em 2007.

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